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Cargas perigosas: especialistas defendem maior planejamento

Cargas perigosas: especialistas defendem maior planejamento
11/09/2020 zweiarts

Monitoramento constante, planejamento de longo prazo, integração e troca de informações entre órgãos anuentes. Estas são algumas das ações necessárias para minimizarmos riscos de operações de cargas perigosas no Porto de Santos, segundo especialistas no setor.

O tema foi debatido ontem no webinar Riscos no Porto e na Indústria, promovido pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS) por teleconferência.

Os riscos envolvendo operações com cargas explosivas voltaram à pauta de discussões da comunidade portuária santista após a tragédia ocorrida no Porto de Beirute, no Líbano, no mês passado. Na ocasião, uma carga de 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio explodiu, causando a morte de milhares de pessoas.

O produto é movimentado e armazenado na Margem Esquerda (Guarujá) do Porto. Além disso, é produzido em Cubatão. E a proximidade do manuseio e da operação da carga com áreas densamente povoadas é vista com preocupação por especialistas, assim como o plano do Governo Federal de implantar terminais de fertilizantes na região de Outeirinhos, na Margem Direita.

A ideia está no novo PDZ do Porto de Santos, aprovado pelo MINFRA, que prevê a clusterização (concentração de cargas em determinais regiões) das mercadorias.

Para o presidente da delegacia local do SEESP, Álvaro Luiz Dias de Oliveira, a questão é “extremamente preocupante”. E defende que os estudos que precedem a desestatização da administração da SPA devem ter um capítulo específico para apontar responsabilidades, no que se refere à segurança das operações de cargas perigosas no cais santista.

O presidente da AEAS, João Teixeira Salvado, aponta que, diante da preocupação sobre as cargas perigosas, a necessidade de planejamento ganha ainda maior importância. “Se existe risco no material que vem a ser colocado ali e é grande, é uma oportunidade de avaliar o investimento para colocar carga em outro local”.

De acordo com o chefe da unidade regional de São Paulo da ANTAQ, Guilherme da Costa Silva, o ideal é que cargas perigosas sejam movimentadas e armazenadas longe de áreas densamente povoadas. No entanto, diante da escassez de locais com este perfil, o executivo aponta que um crescimento do complexo marítimo em direção ao mar é a solução mais adequada.

“No Porto de Santos, o risco não é zero. Temos sempre que ficar cobrando das empresas que cumpram a legislação. Mas (o risco) é bem menor do que em Beirute. A única percepção é que dentro do Porto tem grande controle, mas quando a carga sai, a impressão que eu tenho é que não há muito controle”, destacou o executivo da ANTAQ.

PLANEJAMENTO

Silva admite que os órgãos públicos enfrentam dificuldades no planejamento de ações, entre elas, as de fiscalização. “Existe risco na operação portuária. Dentro do Porto de Santos, o risco é baixo, mas não é zero. Tem sempre que buscar políticas, capacitações, melhorias de tecnologia para minimizar o risco. É importante integrar órgãos para colocar em prática o planejamento estratégico”.

O coordenador da Academia Nacional de Seguros, Sergio Hoeflich, aponta que as universidades podem ajudar o setor público neste processo, principalmente oferecendo ferramentas e soluções para monitoramento de operações de forma proativa. “A preocupação deve se manter. Não é uma questão simples. Se queremos nos desenvolver e o Porto chegar onde ele tem planejado, tem que gerenciar o curto prazo para poder chegar no longo prazo”.e

Fonte: A Tribuna de Santos via ABTRA